Mãe Narcisista - Como identificar?
- Recriar Clínica de Psicologia

- 3 de nov.
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O Transtorno de Personalidade Narcisista (TPN) é uma condição psicológica complexa que pode afetar pessoas de todas as classes sociais, gêneros e raças. Segundo especialistas, o diagnóstico deve ser realizado apenas por profissionais qualificados, após avaliação criteriosa do comportamento e da história do paciente.
Como reconhecer o transtorno?
Para que o diagnóstico de TPN seja confirmado, o indivíduo precisa apresentar pelo menos cinco dos seguintes traços de personalidade:
– Sentimento exagerado de autoimportância e expectativa de tratamento especial;
– Fixação por fantasias de poder;
– Autoimagem de superioridade;
– Necessidade constante de ser o centro das atenções;
– Senso de autoridade e obediência;
– Tendência a explorar os outros para benefício próprio;
– Falta de empatia;
– Inveja intensa e crença de ser invejado;
– Atitudes arrogantes.
Esses traços devem ser avaliados em conjunto e dentro do contexto da vida e das relações do indivíduo. O acompanhamento profissional é essencial para evitar diagnósticos precipitados ou interpretações equivocadas.
A origem familiar e a disfunção emocional
Em teoria, a família deve ser o ambiente de amor, segurança e aprendizado da criança. No entanto, quando um dos pais apresenta transtornos mentais — como o Transtorno de Personalidade Narcisista —, o lar pode se tornar um espaço de sofrimento emocional.
Uma figura materna narcisista, por exemplo, tende a exercer controle sobre os filhos por meio da manipulação e da ausência de empatia, causando impactos profundos na autoestima e na identidade emocional da criança.
Mãe narcisista x mãe depressiva
É comum que filhos confundam comportamentos abusivos com sinais de tristeza ou depressão. Muitos acreditam que a mãe se tornará amorosa com o tempo, quando “melhorar”. No entanto, a diferença é essencial: enquanto a pessoa com depressão não é abusiva, a mãe com traços narcisistas pode agir com frieza e crueldade deliberadas.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), o narcisismo faz parte do grupo B de transtornos de personalidade — o mesmo que inclui os tipos antissocial, borderline e histriônico. Esses transtornos são caracterizados por comportamentos dramáticos, imprevisíveis e que frequentemente provocam reações emocionais intensas em quem convive com o portador.
Tipos de abuso
O comportamento abusivo de uma mãe narcisista pode se manifestar de diferentes formas:
Verbal: uso de palavras humilhantes, ironias e críticas constantes.
Emocional: pode ocorrer por omissão — ignorando necessidades afetivas — ou por ação, com manipulações, mentiras e chantagens emocionais.
Físico: vai desde a negligência (falta de cuidados básicos) até agressões sutis, que podem não deixar marcas, mas causam medo e trauma.
Sexual: inclui tanto a exposição precoce a conteúdos inadequados quanto o contato físico inapropriado, muitas vezes disfarçado de brincadeiras ou cuidados rotineiros.
O “suprimento” da personalidade narcisista
Segundo psicólogos, a pessoa com narcisismo patológico vive em busca de “suprimento emocional”, isto é, da energia emocional que extrai das reações das pessoas à sua volta.Esse suprimento pode ser positivo, quando o narcisista busca admiração e elogios, ou negativo, quando provoca medo, culpa ou tristeza para sentir-se poderoso.
Abuso não é conflito
Especialistas alertam que é fundamental distinguir entre desentendimentos normais e abuso psicológico. Conflitos fazem parte de qualquer relação e podem ser resolvidos com diálogo e respeito mútuo. Já o abuso é uma forma de violência — física, psicológica ou sexual — que causa danos à vítima e se repete ao longo do tempo.
Quando a convivência é marcada por humilhação, controle e sofrimento constante, é sinal de alerta. Reconhecer o comportamento abusivo e buscar apoio profissional é o primeiro passo para romper o ciclo e reconstruir a própria saúde emocional.
O espelho distorcido: quando o narcisismo materno se transforma em abuso emocional.

Sinais de uma personalidade narcisista
Entre os principais indícios do Transtorno de Personalidade Narcisista estão a preocupação excessiva com a própria imagem, a falta de empatia, a necessidade constante de admiração e o desejo de ser reconhecida como superior.
Outros traços incluem inveja dos filhos, comportamentos manipulativos, controle emocional e psicológico, dificuldade em admitir erros e tendência a idealizar ou desvalorizar os outros de forma extrema.
Segundo especialistas, essas características não devem ser avaliadas isoladamente, mas dentro do contexto da personalidade e das relações da pessoa.
O retrato da mãe narcisista
Pesquisas com filhos de mães narcisistas apontam padrões de comportamento recorrentes. Essas mães costumam precisar ser o centro das atenções, demonstrar egoísmo extremo, exercer controle autoritário e utilizar manipulação emocional para dominar os filhos.
Em público, exibem uma imagem carismática e exemplar, mas em casa podem se mostrar abusivas, frias e vingativas. Esse contraste entre a aparência social e a realidade doméstica confunde os filhos e reforça o ciclo de silêncio e culpa.
Entre outros comportamentos observados estão:– Competitividade com os próprios filhos, especialmente em aparência e conquistas;– Incapacidade de pedir desculpas genuínas;– Inveja patológica e sensação de ser invejada;– Arrogância e falsa autossuficiência;– Vingança e rancor duradouros;– Materialismo e exibicionismo como forma de validação social;– Mentiras compulsivas e gaslighting (negação de fatos e distorção da realidade).
Em casos mais graves, podem ocorrer abusos físicos, sexuais ou negligência emocional, todos mascarados por justificativas ou manipulações religiosas, morais ou afetivas.

A fala que fere: o discurso da mãe narcisista
As falas de mães narcisistas seguem um padrão de desvalorização, ameaça e humilhação. Expressões como “Você destruiu minha vida”, “Ninguém vai te amar”, “Você é inútil” ou “Isso nunca aconteceu, é coisa da sua cabeça” são exemplos de violência verbal e psicológica que podem marcar o filho por toda a vida.
Essas frases costumam vir acompanhadas de culpabilização, negação dos abusos e autovitimização, configurando uma estratégia de manipulação emocional que destrói a autoconfiança da vítima.
Os filhos e as cicatrizes invisíveis
Crescer sob o domínio de uma mãe narcisista deixa marcas profundas. Durante a infância, é comum que a criança apresente insegurança, medo, regressão comportamental, isolamento e até fantasias de fuga na adolescência, surgem baixa autoestima, ansiedade, culpa excessiva e dificuldade em se relacionar, muitas vezes agravadas pelo bullying ou pelo controle materno extremo na vida adulta, essas pessoas podem sentir dificuldade em confiar, necessidade constante de aprovação, medo do abandono, além de depressão, distúrbios alimentares e automutilação.
O impacto também se reflete na vida prática: muitos filhos relatam dificuldades profissionais, financeiras e relacionais, resultado da insegurança e da falta de senso de identidade criadas pelo abuso emocional prolongado.
Entre a manipulação e o silêncio
Uma característica marcante das mães narcisistas é a capacidade de escolher o momento e o local dos abusos, garantindo que as agressões emocionais ocorram sem testemunhas.
Em público, apresentam-se como mulheres exemplares, o que torna ainda mais difícil para o filho ser acreditado ao relatar o sofrimento vivido. Essa dinâmica de “duas faces” — a mãe perfeita e a abusadora invisível — é uma das razões pelas quais o abuso narcisista é tão silencioso e devastador.
Psicólogos ressaltam que nem toda mãe abusiva possui um diagnóstico clínico de Transtorno de Personalidade Narcisista. No entanto, o sofrimento emocional causado por esses comportamentos é real e precisa ser reconhecido.
O nome do transtorno importa menos do que as consequências que ele gera.Buscar apoio psicológico especializado é essencial para romper o ciclo do abuso, reconstruir a autoestima e desenvolver limites saudáveis.
Reconhecer que a dor vivida tem uma causa legítima é o primeiro passo para a libertação emocional. A cura começa quando a vítima entende que não é culpada, mas sim sobrevivente de um padrão destrutivo — e que é possível, com ajuda, reescrever a própria história.


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