Afinal, o que é abordagem terapêutica?
Antes de explicarmos como funcionam as diferentes linhas de abordagens terapêuticas, é importante entender a diferença básica entre o trabalho do psicólogo e do psiquiatra.
Psicólogo – Faz faculdade de Psicologia por 05 anos e pode atuar tanto na Clínica quanto em empresas como Recursos Humanos, Instituições como psicólogo social e institucional. O psicólogo trabalha com a parte subjetiva do ser humano como emoções, sentimentos e comportamentos. Trabalhará com a causa do sofrimento psíquico.
Psiquiatra – Faz faculdade de Medicina por 06 anos, residência médica na área de psiquiatria por 03 anos, auxilia a terapia com medicamentos para a melhora do paciente. O psiquiatra trabalha com a parte orgânica dos transtornos mentais. Trabalhará com os sintomas do sofrimento psíquico.
Cada psicólogo utiliza uma abordagem teórica para trabalhar com o paciente, que guia sua atuação e os pontos a serem abordados nas sessões. É importante ressaltar que não existe uma abordagem terapêutica melhor do que a outra, são simplesmente diferentes formas de entender os indivíduos, suas questões e como eles se relacionam com o mundo.
Neste artigo, vamos descrever algumas abordagens psicoterapêuticas, lembrando que existem outras que não abordaremos aqui.
Psicanálise
Psicanálise é uma das linhas mais conhecidas da psicologia e foi criada por Sigmund Freud. Essa abordagem terapêutica é centrada no inconsciente, ou seja, na parte do indivíduo que está oculta e não é acessível pela consciência. De acordo com a psicanálise, todo indivíduo é como um iceberg, em que somente uma pequena parte é visível e a maior parte está oculta.
Para ajudar o paciente a entrar em contato com o seu inconsciente e resgatar o seu verdadeiro eu, a psicanálise desenvolveu diversas técnicas. A primeira técnica utilizada foi a hipnose, mas atualmente a técnica mais utilizada é a livre associação. Nessa técnica, o paciente deita-se no divã e fala sobre tudo o que lhe vem à mente, sem bloqueios ou censuras, permitindo que todos os seus sentimentos venham à tona. O psicanalista, por sua vez, ajuda o paciente a interpretar esses sentimentos e pensamentos.
Além de Sigmund Freud, outros autores também tiveram um papel fundamental no desenvolvimento da psicanálise, como André Green, Donald Woods Winnicott, Wilfred Bion, Melanie Klein, Jacques Lacan e outros.
Terapia Analítica
Terapia Analítica ou Psicologia Analítica é uma abordagem terapêutica criada por Carl Jung que busca compreender a totalidade do ser humano, considerando sua dimensão individual e coletiva. Diferente da psicanálise freudiana, Jung acredita que o inconsciente possui duas camadas, uma pessoal e outra coletiva, sendo esta última composta por arquétipos e símbolos universais que são compartilhados por todas as culturas.
Na terapia analítica, o mundo dos sonhos também é valorizado como uma forma de acesso ao inconsciente. Por isso, o terapeuta pode incentivar o paciente a registrar seus sonhos e analisá-los durante as sessões. Além disso, a terapia pode envolver a utilização de materiais como lápis, caneta e papel, para que o paciente possa desenhar ou escrever sobre suas vivências e emoções.
Outra técnica utilizada na terapia analítica é a caixa de areia, que consiste em um recipiente com areia e miniaturas de objetos, como casas, animais e pessoas. O paciente é convidado a construir cenas que representem seus conflitos internos, permitindo uma maior compreensão e elaboração desses conflitos.
Em resumo, a terapia analítica busca trazer à consciência do paciente aspectos inconscientes de sua vida, ajudando-o a integrar diferentes partes de si mesmo e a desenvolver uma maior compreensão de sua identidade.
Terapia Comportamental
A Terapia Comportamental é baseada na ideia de que o comportamento humano é moldado por seu ambiente e pelas consequências que ele recebe de suas ações. O objetivo é trabalhar com o comportamento do indivíduo, ajudando-o a substituir comportamentos indesejados por comportamentos mais adaptativos.
O terapeuta comportamental utiliza técnicas como o reforço positivo (quando um comportamento desejado é premiado) e a extinção (quando um comportamento indesejado não é recompensado). Além disso, a Terapia Comportamental também pode envolver a exposição gradual a situações que causam ansiedade, como forma de ajudar o indivíduo a superar seus medos.
É importante destacar que a Terapia Comportamental não se limita apenas a trabalhar com comportamentos, mas também pode abordar emoções e pensamentos, sempre com foco em modificar o comportamento do indivíduo.
Dentre as técnicas mais utilizadas, podemos citar o Condicionamento Clássico, que é a associação entre um estímulo neutro e um estímulo condicionado, fazendo com que o primeiro produza a mesma resposta do segundo. E o Condicionamento Operante, que é a aprendizagem por meio das consequências de um comportamento.
Terapia Cognitivo comportamental (TCC)
A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) tem como principal objetivo ajudar o paciente a desenvolver novas formas de pensar e comportamentos mais saudáveis para lidar com seus problemas e conflitos.
Durante a terapia, o terapeuta cognitivo-comportamental trabalha em conjunto com o paciente para identificar pensamentos e comportamentos disfuncionais que possam estar contribuindo para seus problemas e conflitos. Juntos, eles criam um "mapa do pensamento" para identificar e desafiar crenças e pensamentos negativos que podem estar influenciando o comportamento do paciente.
A TCC é uma abordagem que se baseia em evidências científicas e tem como objetivo proporcionar resultados duradouros. Portanto, não se trata apenas de "resolver problemas rapidamente", mas sim de trabalhar com o paciente para desenvolver habilidades e estratégias que possam ajudá-lo a lidar com seus problemas de maneira eficaz a longo prazo.
Além disso, a TCC também envolve a prevenção de recaídas, ajudando o paciente a manter suas novas habilidades e estratégias para lidar com seus problemas.
Gestalt Terapia
A Gestalt terapia enfatiza a importância do paciente e de todo o meio que o cerca, uma vez que o contato com o meio é o que transforma o indivíduo.
O que importa é o todo, e não as partes separadas. É como se o terapeuta olhasse para o carro inteiro e não somente para as partes. Em outras palavras, o terapeuta não se concentra apenas no paciente, mas sim no meio em que ele vive.
Com base nisso, entendemos que é por meio da troca com o meio que ocorre o aprendizado, as vivências positivas e negativas e a transformação. Quando a relação com o meio não vai bem, o Gestalt-terapeuta tem o objetivo de contribuir para que o paciente fique ciente do que está acontecendo com sua relação com o mundo e, descoberto isso, ajudá-lo a reencontrar o equilíbrio.
O foco da Gestalt terapia é o presente, o aqui e agora. Mesmo que o problema tenha acontecido há anos atrás, o importante é o que o cliente traz para a Terapia naquele momento.
Psicoterapia Existencial
A psicoterapia existencial tem como base o existencialismo, uma corrente filosófica que defende que o homem é responsável pela sua existência e que tudo o que ele faz é de sua responsabilidade.
O objetivo da psicoterapia existencial é auxiliar o indivíduo a encontrar sentido em sua vida e a lidar com as questões existenciais, tais como a liberdade, a morte, a solidão e o propósito de vida.
O terapeuta existencial não oferece soluções prontas ou direciona o paciente para uma determinada ação, mas sim ajuda o paciente a explorar suas próprias possibilidades e a escolher o que é melhor para ele. O terapeuta busca compreender a experiência subjetiva do paciente e a partir disso, promover reflexões que o ajudem a se conhecer melhor e a desenvolver uma maior autonomia e auto responsabilidade em relação a sua vida.
Fenomenologia
Fenomenologia é uma corrente filosófica e também uma abordagem terapêutica que busca compreender a experiência humana do mundo a partir da sua vivência subjetiva. Diferentemente do Existencialismo, a Fenomenologia não defende que o ser humano é totalmente responsável pela sua existência e escolhas, mas sim que ele é influenciado pelos contextos e circunstâncias em que vive.
O papel do terapeuta fenomenológico é auxiliar o paciente a compreender e explorar a sua vivência subjetiva, sem julgamentos ou interpretações pré-concebidas, para que ele possa encontrar novas maneiras de lidar com os desafios que enfrenta. A fenomenologia enfatiza a importância da abertura para a experiência e da compreensão do outro em sua individualidade, sem generalizações ou rótulos.
Psicoterapia Humanista
A terapia humanista foi criada por Carl Rogers e tem como objetivo central a ênfase no que é trazido pelo cliente imediatamente e não no seu passado. Para o Humanismo, o terapeuta é como um espelho facilitador, auxiliando o cliente a se perceber e tomar contato consigo mesmo.
Com base nisso, a psicoterapia humanista enfatiza a importância do indivíduo como um todo, considerando suas emoções, pensamentos e comportamentos, além de sua experiência subjetiva. O terapeuta humanista busca compreender e acolher o cliente, criando um ambiente empático e não julgador para que este se sinta à vontade para se expressar e expor seus problemas.
Através desse processo, o cliente é auxiliado a desenvolver sua própria capacidade de autoconhecimento, crescimento e mudança, amadurecendo e mudando suas estratégias de vida com base em suas próprias experiências e percepções.
Psicodrama
Psicodrama é uma terapia em grupo que usa técnicas teatrais para ajudar os participantes a explorar e compreender questões emocionais, psicológicas e interpessoais. O psicodrama é guiado por um terapeuta treinado e pode incluir a encenação de situações pessoais e interpessoais, bem como discussões em grupo sobre os temas que surgem.
O objetivo do psicodrama é permitir que os participantes experimentem novas maneiras de lidar com situações difíceis e se relacionar com os outros. O terapeuta incentiva os participantes a assumirem diferentes papéis, a fim de experimentar e explorar novas perspectivas e comportamentos.
É importante lembrar que o psicodrama não é apenas encenação de problemas, mas sim uma terapia estruturada e guiada, onde o terapeuta trabalha em conjunto com o grupo para promover a compreensão e a resolução dos problemas apresentados.
Terapia dos Esquemas
A Terapia dos Esquemas é uma abordagem psicoterapêutica que se concentra na identificação e modificação de padrões disfuncionais de pensamento e comportamento, conhecidos como "esquemas". Esses esquemas podem ser desenvolvidos ao longo da vida devido a experiências e traumas passados. Essa abordagem terapêutica é uma fusão de elementos da terapia cognitivo comportamental e da terapia psicodinâmica, desenvolvida pelo psicólogo clínico norte-americano Jeffrey Young nas décadas de 1980 e 1990.